Convidada do Jornal Tambor, veiculado pela plataforma do Youtube, a deputada estadual Daniella (DEM) debateu com a apresentadora Lívia Lima e o jornalista Emílio Azevedo sobre a violência contra a mulher no estado do Maranhão. A entrevista foi ao vivo, na manhã desta segunda-feira (22), durante o quadro “Dedo de Prosa”.
Na ocasião, a deputada – que é Coordenadora da Frente Parlamentar de Combate e Erradicação do Feminicídio (FPCEF) e Procuradora da Mulher na Assembleia Legislativa do Maranhão – falou do encorajamento das mulheres vítimas de violência, considerando que este foi um fator importante para a formalização de inúmeras denúncias.
“O crescimento do número de denúncias não aponta que a violência contra a mulher aumentou. Na verdade, esse crescimento mostra que as mulheres estão começando a perder o medo de falar, elas estão rompendo o silêncio”, frisou Daniella.
Cabe lembrar que recentemente a parlamentar abriu o coração na tribuna da Alema e falou publicamente da violência moral e psicológica que estava sofrendo nos últimos meses, após formalizar o pedido de divórcio do seu ex-marido.
Na entrevista, Daniella mencionou a dificuldade que teve para expor a vida pessoal, assim como tantas outras vítimas têm. “Eu posso falar com propriedade o quanto é difícil para a mulher romper o silêncio. Para mim, que estou deputada, defendo desde o início da minha vida pública a bandeira feminina, a luta contra este tipo de violência e o empoderamento, foi difícil, imagina para mulheres da periferia que dependem financeiramente de seus companheiros”, enfatizou.
Ainda sobre a sua lamentável experiência, Daniella afirmou que o medo do julgamento amordaça muitas mulheres e permite que a violência continue em muitos lares maranhenses.
“Na maioria das vezes, quando a gente expõe nossa realidade, somos desacreditadas, julgadas, apontadas, e foi assim comigo. Demorei a romper meu silêncio justamente por medo dos julgamentos, medo de como eu seria vista e, de fato, aconteceu como eu previa. Na verdade, até pior. A gente leva uma culpa que não tem e isso impede as mulheres de denunciarem seus agressores”.
Mandato favorável às Mulheres
Durante a entrevista, a deputada também falou das ações desenvolvidas ao longo de seu mandato que permitiram avanço na ampliação de proteção das mulheres.
“Nós já fizemos muitas campanhas de conscientização e projetos de leis, a exemplo do “Aluguel Social” – que permite que as mulheres vítimas de violência recomecem suas vidas longe do agressor, porque não adianta só denunciar, tem que dar oportunidade para essas mulheres romperem o ciclo da violência”, disse.
De acordo Daniella, a Frente Parlamentar está concluindo um relatório sobre a violência contra a mulher que vai resultar em novas medidas de combate a esse tipo de crime no estado. A deputada destacou, ainda, a implantação do portal ‘Observatório da Violência Contra a Mulher’, uma plataforma digital que será hospedada dentro do site da Alema para reforçar o enfrentamento e o monitoramento da violência contra as mulheres maranhenses.
Para a deputada Daniella, as leis precisam ser mais efetivas, e é necessário o engajamento social coletivo no combate da violência de gênero.
“A gente precisa de mais efetividade no cumprimento das leis que aparam não só as mulheres, mas, também, as pessoas mais vulneráveis ao mesmo tempo em que precisamos do comprometimento da imprensa, com mobilização e disseminação da informação correta e séria, além disso, a pressão popular é muito importante para se fazer justiça. Sem esses três fatores a gente nunca vai conseguir ter uma sociedade mais justa e igualitária”.
Ataques na Imprensa
Ainda na live, os ataques de parte da imprensa direcionados à deputada também vieram à tona na discussão. Daniella chamou atenção para a inexistência da apuração responsável enquanto o jornalista Emílio Azevedo avaliou o comportamento da mídia produtora de sensacionalismo com viés político.
“Considero o trabalho da imprensa muito importante e não vou generalizar minha crítica, até porque foi uma parte da imprensa que me atacou, que não buscou apurar na fonte, não procurou me ouvir. Espero que as informações sejam checadas, apuradas com responsabilidade, porque uma mentira dita mil vezes pode virar uma verdade para quem não conhece os fatos”, afirmou a deputada.
“Nesse caso envolvendo a deputada Daniella, o ingrediente do machismo é evidente. Tanto comunicadores homens como mulheres, impregnados de machismo acabaram se manifestando. Por fim, o ingrediente da baixaria política. A deputada é pessoa pública e as pessoas aproveitam esse tipo de situação para baixar o nível e para atacar”, ressaltou Azevedo.
“Antes de mais nada, existe a disputa política. Ela ocupa uma das 42 cadeiras da Assembleia, tem gente querendo ocupar essa cadeira e, então, esse jogo se torna extremamente bruto, violento e fecha a coisa com o sensacionalismo, agarrado à fofoca, ao machismo e à misoginia. Aí se vê essa distorção absoluta do que seria o jornalismo. Jornalismo pressupõe responsabilidade e pressupõe interesse público”, reforçou o comunicador.