O deputado César Pires usou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira para cobrar uma rigorosa apuração sobre o caos instalado no transporte de ferry boat entre a Ponta da Espera e o Cujupe. Para o parlamentar, decisões tomadas ainda no governo Flávio Dino levaram ao grave problema hoje enfrentado pelos usuários do transporte marítimo. “É preciso buscar soluções que garantam qualidade e a segurança das pessoas, para depois não lamentar se uma tragédia acontecer”, enfatizou ele.
Com base em documentos, fotos e vídeos, César Pires relatou que o transporte por ferryboat conta atualmente com apenas três embarcações da empresa Internacional Marítima, já que a Servporto deixou de operar após a intervenção do governo Flávio Dino e a empresa Selte tem contrato ativo mas não possui embarcações próprias para o serviço. Nesse contexto é que a Agência Estadual de Mobilidade Urbana (MOB) permitiu o ingresso da empresa NACON, do empresário Carlos Roberto Bannach, que estava autorizado a colocar em operação a embarcação “José Humberto”.
“Essa embarcação com mais de 30 anos de uso, que estava parada há cinco anos no Pará e comprovadamente não tem condições adequadas para navegar no Boqueirão, só não entrou em operação devido à intervenção do Ministério Público Estadual. Então, é preciso cobrar explicações do governo estadual: porque decidiram intervir na Servporto e não deram a eles prazo para corrigir suas falhas, e agora autorizam outra empresa sem embarcação adequada a fazer reparos às pressas para operar o serviço? Há muita coisa a ser explicada e corrigida”, enfatizou César Pires.
Como usuário do transporte marítimo, César Pires lembrou que médicos, professores universitários e tantos outros profissionais que atuam na Baixada Maranhense estão enfrentando grande dificuldade para usar o ferry boat, assim como aqueles que transportam produtos perecíveis estão sendo extremamente prejudicados, aguardando em uma longa fila para fazer a travessia hoje sob responsabilidade apenas da Internacional Marítima.
César Pires ressaltou que, além de buscar solução para o problema e assegurar um serviço de qualidade à população, é preciso firme atuação dos órgãos de fiscalização. “Assim como o Ministério Público, que vem fazendo a sua parte, a Marinha também tem que cumprir a sua responsabilidade com relação à embarcação “José Humberto”. A empresa NACON não tem expertise no campo marítimo, já tem registro de acidentes com suas embarcações em outros estados e aqui tenta a todo custo se adequar, sem levar em consideração que no Boqueirão há inclusive a possibilidade de graves acidentes com mortes”, alertou ele.
O deputado levantou a suspeita de superfaturamento e favorecimento por parte do governo Flávio Dino na condução do processo licitatório para contratação de empresas para o transporte marítimo. “Por que contrataram uma embarcação sem levar em consideração os critérios técnicos, já sabendo que não era adequada para esse tipo de transporte? Tem que ser apurado isso. Qual foi o critério para anular processo licitatório e utilizar desses artifícios de contratar a empresa do senhor Carlos Bannach?”, questionou.
Por último, César Pires conclamou os deputados com atuação na Baixada Maranhense a formar uma comissão para apurar as responsabilidades e buscar soluções para a crise no transporte marítimo. “Contrataram ferryboat sem condições, é uma enganação, queriam colocar as pessoas para morrer, pois se não houvesse denúncias do Ministério Público estariam transportando com risco à vida no Boqueirão. Isso é grave e preciso ser apurado”, concluiu ele.
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